Luis Morais no Mundo: dezembro 2008

Não foi o primeiro Natal que passei longe da família (infelizmente), mas o foi o primeiro Natal que passei longe da família em terras mulçumanas. Como estava fadado a passar o Natal sozinho, decidi fazer algo diferente e bastante original, passar a noite de Natal no meio do deserto, ao inicio estava a pensar ir sozinho, mas fui falando com amigos sobre a idéia e no final reunimos um grupo de oito pessoas de varias nacionalidades, mas em comum uma ótima disposição, fiquei muito contente com o grupo formado, tornamo-nos assim “A família” neste Natal. Passo a citar o staff desta aventura: Fernado (argentino) e sua esposa Maria João (portuguesa), Joaquim (espanhol) e sua esposa Begônia (espanhola), Tiago (português), Luis “o Toureiro” (português), Borges (português) e o único brazuca do grupo, “EU”.

Nossa aventura começou a porta de nosso apartamento, onde dois jeeps nos vieram buscar e partimos rumo ao deserto. Ao chegar ao deserto paramos em um ponto de apoio para aguardarmos por outros jeeps, para depois seguirmos em comboio pelas dunas de cor avermelhada, que digamos de passagem é um espetáculo a parte, depois de algumas manobras radicais nas dunas e com nosso amigo Luis “o toureiro”, um pouco “acagaçado” , fizemos a primeira paragem para tirar fotografias, para meu espanto as primeiras pessoas que encontro ao sair do meu jeep falavam português e com sotaque brasileiro, quando pergunto de que cidade são no Brasil, fiquei estupefacto com a resposta, eram de Santos, minha cidade natal (como o mundo é pequeno). Depois desta breve paragem, mais dunas e manobras radicais ate outra paragem numa formação rochosa, que segundo eles lembra um camelo, recebendo assim o nome de “pedra do camelo”, eu achei que tinha que se ter um pouco de imaginação para ver um camelo na formação rochosa, mas se eles dizem, quem sou eu para discordar (hehehehe). Daqui partimos para um magnífico por do sol nas dunas, um momento fantástico, depois seguimos em direção a um acampamento onde éramos recebidos por um beduíno (falsificado, pq eu acho que ele era paquistanês) com dois camelos, para quem deseja-se dar uma volta, eu claro me aventurei logo, é uma experiência fantástica mas não muito cômoda, principalmente a “decolagem” e a “aterrizagem”, sim porque vamos nas alturas, vocês vão entender quando virem as fotos (hehehehe).

Eis que é chegada a hora do jantar onde nos foi servido um churrasco com acompanhamentos típicos, numa mesa típica (todos sentados no chão e descalços), as bebidas estavam incluídas no jantar, mas os vinhos eram pagos a parte, como tínhamos um grande estoque de bons vinhos em nossas mochilas, decidimos perguntar se podíamos beber do nosso vinho o que nos foi prontamente negado, alegando que como eles vendiam vinho tínhamos que comprar o da casa e que a seguir ao jantar estávamos liberados para nos deliciarmos com nossas iguarias, mas claro que não aceitamos essa condição e então misturamos o jeitinho brasileiro, argentino, português e espanhol (e imagina o que isso deu) abrimos as garrafas debaixo das mesas e o mais hilário era ter que tossir na hora de sacar as rolhas, foi hilariante e o melhor, não fomos agarrados.

Findo o jantar eis que vem o ápice da noite, a dança do ventre, foi magnífico, para mim foi uma estréia, acabando com todos a dançar junto com a bailarina.Vem então o momento relax, fomos todos para volta da fogueira fumar chicha , que é composto por um nargile ( é um habito secular do Oriente Médio e originou-se na Turquia há mais de 500 anos) onde eles colocam pastilhas com aroma de maça e depois uma brasa em cima, tens uma mangueira onde se inspira e a brasa aquece essa pastilha que cria um fumo que é filtrada por água e te atinge os pulmões (hehehehe), esta pastilha é composta de um tabaco natural com aroma de frutas, que deixa um gosto de maça na boca e eles passam horas a fumar isso, só vão trocando as brasas. Pouco passava das 22:00 hrs quando fomos avisados que o gerador iria ser desligado, passamos assim a ficar no breu, apenas iluminados por 2 velinhas e uma lanterna de pilhas e claro nossa pequena fogueira das chichas .Montamos a mesa da ceia de natal na nossa tenda, com velas, vinho, whisky, bolos, cajus, e claro como não podia faltar Panettone (sim eu consegui comprar aqui no carrefour), ao chegar a meia noite nos reunimos a volta da fogueira e abrimos uma champagne sem álcool (pq foi a única que consegui comprar, mas também já estávamos bem servidos de álcool), desejamo-nos feliz natal e continuamos com a bebedeira noite a dentro ...(hehehehe)

Apartir das 2:00 hrs o frio e o nevoeiro fez-se sentir com mais intensidade, estimulando assim a maior parte dos aventureiros a irem para a cama, menos dois nobres “Bebuns” que nos ficaram a chatear a noite inteira, Luis “o toureiro” e seu fiel escudeiro Tiago, grande bebedeira que estes dois apanharam. (hehehehe)

7:00 hrs toca a acordar, o pessoal do acampamento nos preparou um café da manha, que eu diria no mínimo exótico, composto por : feijão branco com molho de tomate, ovos mexidos, salsichas de frango e hamburguers de frango (sim pq eles aqui não comem porco), agora imaginem para quem tinha passado a noite toda a beber, encarar um café da manha desses não foi fácil.

E assim retornamos a civilização, deixando para traz uma noite maravilhosa, que só não foi o melhor Natal da minha vida pela falta da minha família, mas digo que nunca mais vou me esquecer desta noite pro resto da vida e adorei passar essa noite especial com estes grupo de amigos que foram a minha família nesta noite de natal, que a meu ver teve o verdadeiro espírito natalino, sem aquele consumismo, sem prendas mas com algo muito mais importante que é a confraternização e a amizade. E sem esquecer que tudo isso se passou em terras mulçumanas... Deixo-vos aqui a minha prenda de natal que são as fotos e feliz natal para todos !!!!